Foto: Andre Penner,AP
O jogador Ronaldo Nazário que atuava pelo Corinthians anunciou nesta segunda-feira a sua aposentadoria, aos 34 anos. Como ele mesmo definiu, o Fenomeno "perdeu" para o próprio corpo.
- Há quatro anos, no Milan, eu descobri que sofria de um distúrbio que se chama hipotireoidismo. Isso desacelera o metabolismo e que para controlar isso eu teria que tomar hormônios. Mas isso seria considerado doping. Muitos aqui agora devem estar arrependidos de terem feito tanta chacota com meu peso. Mas não guardo mágoa disso e de ninguém. Só queria explicar isso no último dia da minha carreira - disse Ronaldo, durante a entrevista em que anunciou o fim da carreira.
Segundo a endocrinologista do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas, da Pucrs, Jacqueline Rizzolli, o hipotireoidismo é uma alteração da tireoide, quando o organismo passa a produzir menos hormônios do que o necessário.
— Esta disfunção pode ser temporária ou permanente, acompanhar a pessoa desde os seu nascimento ou surgir na vida adulta — explica.
Conforme a médica, a maioria dos pacientes é do sexo feminino, numa proporção de um homem para cada nove mulheres afetados pelo problema.
— Na vida adulta, como seria o caso do Ronaldo, a causa mais comum para o problema é uma inflamação crônica e assintomática da tireoide. Nesse momento, para combater o problema, o organismo começa a criar mecanismos de defesa contra a glândula, dando origem ao problema.
Por não apresentar sintomas, geralmente a doença é diagnosticada em estágios mais avançados quando sintomas como cansaço, sonolência, aumento do peso, dificuldade para evacuar e alterações na pele e no cabelo começam a se manifestar.
— De qualquer maneira, o tratamento é bastante simples. Há um medicamento que produz em laboratório o hormônio que a tireoide deixa de produzir e que deve ser tomado todos os dias, o que restabelece os níveis hormonais do organismo — garante, ressaltando que a medicação não possui efeitos colaterias e nem afeta a qualidade de vida do paciente.
A médica alerta, no entanto, que muitas pessoas acreditam que o aumento do peso tem como causa única o hipotireodismo. Mas, em alguns casos, mesmo com o uso do medicamento para controlar o problema, o paciente não perde peso. Nesses casos, o indicado é que ele seja conduzido a uma reeducação alimentar para atingir níveis ideais de peso.
Saiba mais sobre a doença:
:: Em recém-nascidos, o hipotireoidismo pode ser diagnosticado pelo "Teste do Pezinho".
:: O Teste do Pezinho deve ser feito, preferencialmente, entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê. Em caso de resposta positiva ao hipotireoidismo congênito, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, sob rigoroso controle médico, para evitar suas consequências, entre elas o retardo mental. Assim, o bebê poderá ficar curado e ter uma vida normal.
:: As estatísticas aponta que um em cada quatro mil recém-nascidos possuem hipotireoidismo congênito.
:: Em adultos, na maioria das vezes, o hipotireoidismo é causado por uma inflamação denominada Tireoidite de Hashimoto.
:: O tratamento do hipotireoidismo é feito com o uso diário de levotiroxina, na quantidade prescrita pelo médico. E os comprimidos são em microgramas, variando de 25 a 200, e não em miligramas como a maioria dos medicamentos. Por isso, a levotiroxina não deve ser feita por manipulação, pois a chance de erro é grande.
:: Para reproduzir o funcionamento normal da tireoide, a levotiroxina deve ser tomada todos os dias, em jejum (no mínimo meia hora antes do café da manhã), para que a ingestão de alimentos não diminua a sua absorção pelo intestino.
:: Se estiver usando a medicação regularmente, e dessa forma mantendo os níveis de TSH dentro dos valores normais, quem tem hipotireoidismo pode levar uma vida saudável e completamente normal.
:: Se o hipotireoidismo não for corretamente tratado, pode acarretar redução da performance física e mental do adulto, além de elevar os níveis de colesterol, que aumentam as chances de problemas cardíacos.
:: Entre os sintomas do hipotieroidismo estão: depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, cansaço excessivo, dores musculares, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso e aumento de colesterol.
:: Não se deve confundir hipotireoidismo com hipertireoidismo, pois as disfunções são opostas: enquanto no "hipo" existe diminuição da produção de hormônios; no "hiper", há o aumento.
Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
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